Quando o som convida ao silêncio: experiências que suspendem o tempo na USINA
Marina Sena
Corpo que arrisca,
Mão que rabisca.
Na ponta dos dedos,
Dedos das mãos, Dedos dos pés;
No ar que se prende,
No espaço onde se suspende,
Suspendem-se
os medos,
os ruídos,
a guerra.
Entre a ordem e o caos,
Entre a certeza e a incerteza,
Entre o permanecer e o cair,
Entre o andar e o voar,
Entre o saber e o desvendar,
Equilibrar.
Rubens Matuck, artista residente no início desse ano no CSD, nos ensinou que a semente concentra a potência da árvore. No Yoga, OM é o som do infinito, a semente de todos os outros mantras, que se revela como a potência do jardim se tornar caminho. Para entoarmos esse mantra é preciso sintonia com o espaço interno que existe em nós, onde o som irá vibrar. Os caminhos percorridos com as propostas de Yoga na USINA atualizam nas crianças a potência de uma tradição milenar que busca educar a atenção do olhar. Com olhos “cristalinos”, as crianças podem se tornar mais disponíveis para perceber o que é novo, encontrar o outro e a si mesmo a partir de lugares não habituais. Cultivar e imaginar jardins como aqueles que Rubens Matuck nos apresentou com sua arte.
A educação das sensibilidades faz parte, portanto, das investigações em Yoga na USINA. Um encontro que tem nos ajudado na composição desse trabalho foi com um instrumento sonoro chamado tigela tibetana. Essa tigela é usada na tradição do yoga e do budismo como um auxiliar para a meditação, e na USINA não foi diferente. Nossa tigela, apelidada carinhosamente por um grupo de meninos como “tigelinha verde”, tomou a forma de um convite-sonoro-ambulante. Quando ela ressoa, temos um sinal, um convite para a organização do corpo e para a escuta, uma preparação para desvelar posturas com força, equilíbrio e concentração.
Gestos delicados que convidam o corpo a vibrar
Foram muitas as indagações a respeito do que é feita a tigela. Vidro? Porcelana? Descobrimos: é de metal! “E quando toca, ela arrepia”, disse Dora, de 4 anos, com a ponta do dedo na tigela enquanto ela ressoava.
Em suas experimentações, as crianças começaram a notar a complexidade implicada nos movimentos simples exigidos para tocar a tigela. Foi preciso perceber necessidade da preensão adequada tanto na tigela quanto em seu bastão, até conseguir fazê-la ressoar e repercutir o som no espaço e até mesmo em regiões, ou paisagens internas. Hoje já se escuta dizer: “quero ficar tocando isso sem parar, me acalma...”
O silêncio concentra a potência do som
A tigela com suas reentrâncias também nos fez o convite para apreciar a pausa, o silêncio, a ação do “não-fazer”. Refletimos e vivenciamos a importância da suspensão do movimento, dos ruídos, e ativamos o pensamento com menos tensão. Ao relaxar buscamos o equilíbrio: yin e yang. Opostos que se complementam, claro e escuro, som e silêncio, movimento e pausa. “Para equilibrar, não pode pesar nem para um lado, nem para o outro”, disse uma criança do 2ºano. Parece que na USINA o equilíbrio é dinâmico, e juntos estamos descobrindo como cultivá-lo.
O som vibra e se ajusta nos detalhes da postura do corpo
Respirar fundo, contemplar o silêncio e buscar outra temporalidade
Descobrir e deixar se desdobrar. Aproximar mundos, formas de expressão e de significação. Trazer à tona os tons que mudam de entardecer para entardecer, valorizando o revelar, que é mutável, efêmero e singular, como palavras ao vento, como a vida e o tempo, OM.
Agosto de 2018
Histórias que transbordam na USINA
Priscila Brito e Julio Beltrão
“Mas ainda haveria mais, se possível
(sonhar é fácil, João Condé, realizar é que são elas...):
além dos estados líquidos e sólidos,
por que não tentar trabalhar a língua
também em estado gasoso?!”
Carta de Guimarães Rosa a João Condé
As tardes na Usina são permeadas por narrativas variadas que ganham forma nos percursos das crianças em suas experimentações artísticas e nas brincadeiras e questionamentos infantis cheios de curiosidades. São medos e lendas que tomam conta do imaginário e aparecem em discussões sobre “Onde vivem os monstros” (a partir de um livro que lemos de Maurice Sendak), uma história que faz pensar naqueles medos que muitas vezes nos paralisam e também na coragem como ingrediente das aventuras.
Expedições em busca de animais pré-históricos que misteriosamente aparecem escondidos em nosso Jardim Urupim (nossa horta intergaláctica ocupada com obras do artista Rubens Matuck, que vieram de outros planetas). Histórias do espaço sideral que habitam o imaginário das crianças e são levadas por um foguete, que durante muito tempo do dia disfarça-se de mesa do ateliê, mas precisa dos equipamentos certos para virar uma nave que leva as crianças a galáxias distantes. São deuses, deusas e heróis da mitologia grega que se aventuram nos mares de Poseidon e levam anos para retornar a Ítaca. Castelos onde habitam reis, rainhas e cavalos que não se contentam em estar apenas em um local especifico: tomam conta do espaço com os enredos criados e conectados por fios imaginários, tecidos e... até canos!
Alô, deixa eu te contar uma coisa?
Essas tantas invencionices são repletas de criações e ressignificações e deixam seus rastros no cotidiano usineiro de tantas formas. Espalham-se. Transbordam, ou como diz uma criança em uma narrativa de show de mágica: “Eu vou me teletransbordar!”. Estas meninas e meninos transbordam com suas histórias e brincadeiras.
Durante o show de mágica do final da tarde, Helô diz: eu vou me teletransbordar!
A exploração com canos ampliou esse movimento de verter histórias na USINA. As narrativas das crianças de 1º ao 5º ano integradas nunca estão em um só lugar e se espalham, correm intensamente e podem ser ouvidas de bem longe sem que se veja quem está dizendo. A palavra que chega de uma margem à outra sem que se veja quem a está falando.
De uma ponta a outra, de um canto a outro, as histórias transbordam pela Usina
Ora a palavra é gritada num jogo, ora sussurrada no ateliê de criação...
Palavras desencanadas para o LER: desenhos como linguagem sensível e artística que contam as nossas histórias
Apropriam-se do espaço e fazem com que a palavra tome formas inusitadas, assim como o LOBO que virou BOLO. É a linguagem infantil poética, sensível e brincante que está (e não é) em estado gasoso e que permite transformações e ocupações. Ou “teletransbordamentos”.
Abril de 2018
"Quando se sonha sozinho é apenas um sonho. Quando se sonha juntos é o começo da realidade”
Cervantes
Uma música. Muitas ideias. Quais brinquedos poderíamos construir para brincar com a música Row row row your boat?Começa então uma história de muitos encontros em nossas oficinas de Inglês Lúdico na USINA.
As crianças tiveram a ideia de pedir ajuda para o Sr. Brasilino e para o Sr. Valderez que trabalham no setor de manutenção. Conversamos sobre os materiais que poderiam ser usados, escrevemos uma carta, visitamos a oficina de trabalho deles, desenhamos o nosso barco, apresentamos o projeto. Navegamos por muitas águas... Foram muitas as trocas desde a ideia inicial até o barco no qual hoje podemos brincar, imaginar, criar, realizar e traduzir a música em outras linguagens para, assim, aprender uma nova língua.
Dos brinquedos que a gente sonha em ter.
(As crianças apresentando o desenho do projeto do barco para o Sr. Brasilino)
Processos: conhecendo a oficina do Sr. Brasilino
Ensaios: um projeto saindo do papel. When dreams come true...
(Sr. Walderez apresenta a maquete do barco para as crianças)
Palavra poética tem que chegar ao grau de brinquedo para ser séria
E uma chuva acontece em um dia ensolarado!
Rain, rain, go away. Come again another day...
Nosso parceiro artista feliz com seu trabalho na Mostra Cultural
Trajetos e travessias. Caminhos e descaminhos: “´É a primeira vez que eu navego na rua...
(E o barco atravessou a rua e veio da sede do CSD para a USINA.)
Um amigo, um guarda-chuva, um barco e o brincar. Encontros felizes em lugares improváveis
A felicidade em compartilhar a música com o Fábio, o cozinheiro e músico parceiro das crianças na USINA
“Row, row, row your boat...” - Voz e violão
Nataly Espadaro
Novembro de 2017
O LER é um evento anual promovido pelo Colégio São Domingos especialmente dedicado à leitura e ao papel central que ela ocupa no nosso projeto de educação.
Leia mais...Representação do Conselho de Escola.
Listamos as iniciativas articuladas pelo Comitê de Políticas Antirracistas do CSD em 2023, com o respectivo link de acesso ao documento.
O Comitê tem como um dos seus objetivos: formular, implementar e avaliar ações, numa perspectiva interseccional, de enfrentamento ao racismo institucional no CSD
No dia 11 de abril, os alunos e alunas das três turmas do oitavo ano realizaram uma saída conjunta ao Parque Villa Lobos, integrando o projeto CSD Ocupa SP.
A casa e suas ruínas em Poe, Cortázar e Amenábar.
Alunas do EM produzem contos de tirar o fôlego!
Jovens escritoras da primeira série do ensino médio voltam no tempo - ao conturbado carnaval de 1919, em meio à gripe espanhola - e produzem contos de tirar o fôlego!
Professor e alunos do Ensino Médio analisam obras literárias e refletem sobre as manifestações do ciúme – entre a patética e a patologia
“A arte também atinge esse estado celestial que já nada guarda de pessoal nem de racional. À sua maneira, a arte diz o que dizem as crianças. Ela é feita de trajetos e devires, por isso faz mapas, extensivos e intensivos”.
Deleuze, G.O que dizem as crianças. Crítica e Clínica.
Em atendimento a Lei 14.611/2023, divulgamos o Relatório de Transparência e Igualdade Salarial de Mulheres e Homens, produzido e disponibilizado pelo próprio Ministério do Trabalho (MTE). Fonte: eSocial. Rais 2023 e Portal Emprega Brasil – Agosto de 2024.
Leia mais...As inscrições para o próximo ano letivo deverão ser preenchidas no site a partir do dia 31 de março do ano atual.
Leia mais...venha conhecer o nosso modo
de pensar e fazer educação
O LER é um evento anual promovido pelo Colégio São Domingos especialmente dedicado à leitura e ao papel central que ela ocupa no nosso projeto de educação.
Compartilhamos, em primeira mão, o livro de receitas do ECO 2025!
ECO/2025
ENCONTRO COM O OUTRO
dia 15/02 – das 10h às 13h.
Nos dias 22, 23 e 24 de outubro, a PUC-SP foi palco da primeira edição da Simulação São Domingos (SimSD), um evento de debates e simulações organizado pelo Ensino Médio.
Em atendimento a Lei 14.611/2023, divulgamos o Relatório de Transparência e Igualdade Salarial de Mulheres e Homens, produzido e disponibilizado pelo próprio Ministério do Trabalho (MTE). Fonte: eSocial. Rais 2023 e Portal Emprega Brasil – Agosto de 2024.
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ENCONTRO COM O OUTRO
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