Memória é feita de lembranças e esquecimentos. Fotos, a pretexto de registrar fatos, são motes para muitas narrativas. Quem estava na cena da foto, ao tomá-la como referência para lembrar, pode mesmo chegar a contradizer a enunciação que nos parecia ser a mais objetiva e convincente. Mesmo quem as observa despretensiosamente utiliza seu repertório de experiências para significá-las. As imagens fotográficas projetam algo no observador e ele devolve a reflexão nesse jogo de construção de significados. Infinitamente, é possível. Lan&c cedil;ar-nos em labirintos com múltiplas possibilidades são condições comuns à memória e à fotografia. Essa associação fica ainda mais estreita quando nos valemos de fotos para acionar memórias coletivas.
Hoje é aniversário de 60 anos do Colégio São Domingos. Colocamos em circulação fotos que fazem parte do acervo da escola. Com elas, damos partida a um jogo de memória que propomos a toda Comunidade CSD – o que inclui ex-alunos e seus familiares: que tal postar fotos da escola, em seus sessenta tempos, que façam parte de seus acervos pessoais, e deixar aberta a atribuição de legendas a elas? Coloque a sua legenda original e deixe que muitos outros o façam também. Teremos, assim, sempre a ideia de uma memória cambiante de significados.
Parte das fotos hoje postadas pode causar estranhamentos. O modo de registro em preto e branco, com definição duvidosa, a falta de espontaneidade dos personagens diante da câmera e a composição posada contribuem para isso. O que nos faz pensar que esses são elementos da própria história da fotografia... Sim, a evolução da técnica fotográfica e a crescente familiaridade com o ato de ter nossa imagem registrada mudam muita coisa. E isso está presente nessa sequência.
Pode ser por isso que em várias fotos há sempre algum dos personagens a denunciar a composição posada em que a imagem foi produzida. Aqui e ali, alguém olha para a câmera - e para nós observadores - com um sorriso que desconstrói a pose formal daqueles que estão em primeiro plano a fazer cena.
Mas isso muda ao passar do tempo. Mais e mais, os flagrantes oferecem registros de mais espontaneidade dos fotografados, a cor entra em cena, a definição fica mais precisa e o grande plano cede lugar ao enquadramento mais focado.
Nada mais fiel à evolução do próprio Colégio São Domingos. Essas mudanças não se referem somente à nossa maior intimidade com câmeras e ao progresso técnico da fotografia. A desenvoltura para expor-se está nos dedos levantados a pedir palavra, o colorido que se revela no ambiente, nos costumes, a sinceridade do gesto educador que convida o estudante ao risco e o apoia, a atenção curiosa que de verdade envolve um público mirim diante de uma boa história, o respeito e o interesse dedicados ao outro. Estes são índices de uma educação que não ficou congelada. Nem nas fotos, nem no pensamento que orienta suas práticas. A história dos registros feitos do CSD conta muitas histórias.
Colorido, descontraído, definido em seus propósitos, desenvolto intelectualmente, afirmando as diversidades e cultivando o interesse, a curiosidade, o encantamento pelo conhecimento, o CSD faz jus às evoluções estampadas nas fotos e também aos apelos do futuro. Mas essas são apenas algumas das muitas leituras a se fazer.
Está lançado o convite! Podem começar por criar legendas para as imagens ora publicadas que ajudem a ampliar a significação das fotos e a contar a história dos 60 anos do Colégio São Domingos de muitas maneiras.
O envio de material, seja foto, texto ou video (na horizontal) deve ser encaminhado para o endereço Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Vida longa ao CSD!
Silvio Barini Pinto