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A realidade nunca está à altura de nossos desejos de significação. É irremediavelmente pobre. A construção de outros mundos reivindica a imaginação, o que é bem mais trabalhoso do que simplesmente sonhar. Rubens Matuck nos mostra isso com o trabalho de uma vida de artista. Ele dá concretude estética para os possíveis que podem estar ao nosso lado sem serem notados. Como a vida das sementes (que são o que são e também promessas de vir a ser) que atravessam sua obra em desenho, gravura, aquarela, escultura, livros e cadernos de viagem... Mas não para aí. Ele também recolhe sementes não metafóricas. Planta árvores pela cidade. Cria bosques e os cultiva, geralmente ao revés das "autoridades" que não gostam de ações civis espontâneas, por assim serem, mesmo quando fazem todo sentido para a humanização da vida na metrópole cinza e fuliginosa.

Rubens encarna bem nosso projeto de educação. Fortalecer a imaginação, lançar sementes e acompanhar seus ciclos, extravasar as fronteiras do real para que possamos perceber também nossos devires, outras possibilidades para sermos potentes e felizes - esse é o principal motivo para realizar a ocupação Matuck no CSD. Que seu pensamento, revelado em cada um dos gestos artísticos faça escola!

Aqui, entre nós, sua presença desconcerta-nos um pouco – condição assumida quando do convite que lhe fizemos. Queríamos um impacto ambiental em nossa paisagem educacional. De fato, é isso que Matuck promove ao expor as razões fantásticas que orientam sua obra desde a infância, ao demonstrar que fazer e pensar arte supõem conexão direta com as ciências, ao referenciar suas reflexões em tradições milenares do Oriente, ao convocar-nos a investigar origens culturais para além de clássicos marcos greco-romanos e reivindicar temporalidades arqueológicas para pensar o processo permanente de hominização.

O efeito da “ocupação Matuck”, com palestras, exposições, demonstrações, conversas e mais conversas fertiliza ideias e ações entre professores, o que o faz chegar até os alunos (nem sempre de forma explícita). Queremos agora abrir essa caixa de ressonâncias para a comunidade em geral.

Faremos isso no evento LER, no dia 07 de abril, expondo as obras da ocupação (pequena amostra do acervo do artista) e promovendo o lançamento do livro “Tudo é semente” que Rosely Nakagawa escreveu sobre Rubens Matuck e sua trajetória.  

Fica o convite!!!

Silvio Barini Pinto