O que torna cada um singular e importante em um grupo tão diverso? Essa foi a pergunta que mobilizou o grupo da USINA da tarde em um projeto de criação e costura de mantos pelas crianças. O que esse manto pode dizer sobre mim? Se nós pudéssemos nos identificar pelo manto, como ele seria? O manto pode guardar segredos, pode ser uma autobiografia, pode contar sobre coisas que vivi. É um manto para contar nossas trajetórias, para vestir, brincar, dançar, encenar... criar histórias com ele e a partir dele.
Para chegar na confecção dessas vestimentas, começamos com autorretratos. Se olhar no espelho demorando-se nos detalhes, nas coisas que gosta (e as que não gosta) em si. Vimos cadernos de grandes artistas e seus autorretratos, assim como autorretratos de outras crianças e cada uma pôde representar a si mesma na capa de um caderno pessoal que nomeamos Cadernos Afetivos. Neles, as crianças podem escrever e desenhar sobre o que gostam, memórias, ideias... Depois da capa, definimos as cores e texturas das páginas, o seu formato, e furamos as páginas de acordo com as escolhas de cada um. Para ajudar nos registros que comporiam o caderno, elaboramos um jogo de cartas com perguntas diversas que ajudaram a buscar variadas revelações e “segredos” pessoais de forma mais divertida.
Para o manto, pesquisamos vários artistas e suas propostas de vestimentas, bordados e costuras, tais como: Hélio Oiticica, Bispo do Rosário, Leonilson, Leda Catunda, Klimt... Primeiramente, criamos pequenos mantos em papel e depois moldes de mantos de tecidos, como um modelo para o que seria em tamanho real.
O projeto tomou outra forma quando convidamos Luciana e Dona Lurdes (mãe e avó da Manuella Cardoso – 2ºA) e Paloma e Bitu (mãe e bisavó do Bento – 2ºA). Com a ajuda de quem tem experiência com confecção de roupas, começamos a cortar, costurar e enfeitar os tecidos a partir dos projetos pessoais que cada um apresentou para elas. Foi maravilhoso ter a colaboração das quatro, uma enorme troca e um grande aprendizado.
Luciana: “Participar da confecção do Manto do Quem sou Eu, em primeiro lugar foi especial...Nos proporcionou interagir em três gerações e compartilhar esta troca com todas as crianças sob orientação dos professores da Usina. Foi uma experiência única a qual certamente ficará em nossa memória. Agradecemos pela oportunidade!”
Como parte desse processo fizemos uma visita a exposição A Casa Bordada como um incrível caminho para intensificar esse nosso projeto. As crianças não acreditavam no que estavam vendo...tudo tão lindo, rico, colorido e delicado. Pediam para fotografar tudo porque queriam fazer assim...e assim...e assim!!
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Eliana Carneiro e Ana Carolina de Medeiros
Outubro de 2017