Angústias proliferam com a falta de definição (e quem a teria?) de quanto tempo ainda vamos viver o confinamento e o trabalho pedagógico a distância.
Para algumas delas, talvez consigamos equação, mesmo sem segurança.
Não há definição do Conselho Estadual de Educação sobre qualquer alteração de calendário escolar na rede privada. Em consulta aos órgãos da Secretaria que se relacionam diretamente com as escolas, nos é comunicado que até o momento deve-se seguir com o calendário oficial e trabalho a distância. Eventualmente, o Conselho Estadual delibere por um período de férias antecipadas. Mas não há consenso sobre isso entre os conselheiros, uma vez que ali também se pondera que o trabalho das escolas, com todas as alterações de rotina que ele promove nas residências, tem um papel de interação e referenciação para as crianças e adolescentes isolados. Contribui para evitar crises depressivas infanto-juvenis, eles mesmos dizem.
Como avaliaremos os alunos nesse período é outra questão que promove alguma insegurança neles e nas famílias. Para isso, temos respostas claras. Nossa avaliação sempre foi processual e tudo o que observamos e pontuamos aos alunos é para ajudá-los no desenvolvimento cognitivo e atitudinal. Durante o período anterior à suspensão das aulas já o fizemos continuamente e permanece sendo feito agora durante a reclusão forçada. Não fecharemos o bimestre com conceitos como é comum. Procuraremos descrever para cada aluno como percebemos seu envolvimento, performance nos estudos a distância e contamos que isso balize sua produção e conduta. Faremos isso considerando as particularidades de cada um, como se deve. Quando chegarmos ao fim do semestre (seja ele encerrado abruptamente por uma deliberação ou continuado como previsto originalmente) montaremos um quadro que permitirá a todos reconhecerem-se e se reposicionarem dentro dos planejamentos. Uma questão a menos para perturbar.
Inquietação que nos envolve indistintamente: algumas famílias passarão por período de dificuldades financeiras. Retomamos a indicação já feita de utilização do ACHA, Agenciamento Cooperativo de Habilidades, que é um dispositivo exclusivo do CSD, acessível a partir do site do Colégio, que favorece a oferta de trabalhos e formação de equipes para atuação coletiva em projetos criados por integrantes da Comunidade. Convidamos a quem ainda não se cadastrou no programa que o faça. Pode com isso ser ajudado ou ajudar aos outros.
De maneira mais efetiva, a equipe de Direção do CSD (seis integrantes), como pessoas físicas, estão a dar partida com depósitos voluntários, em um Fundo de Auxílio para contribuir para estabilização de alunos cujas famílias estejam sem condições para realizar seus compromissos financeiros com a mantenedora do Colégio. Convidamos Professores e a Comunidade em geral para vir a contribuir com esse fundo. A contribuição poderá ser feita acessando o site: vakinha.com.br O ID é o número 970348.
Propomos que o gerenciamento dos recursos obtidos seja feito por comissão constituída por alunos, funcionários, familiares e educadores, a ser definida pelo Conselho de Escola. Apelidamos o fundo de “Nenhum a menos”, o que traduz nosso desejo. Pedimos a quem utiliza Facebook, Instagram ou outras redes sociais que ajude a difundir a iniciativa para famílias de ex-alunos, inclusive, buscando um alcance maior para a campanha.
Outra questão na qual o Colégio pode contribuir diz respeito a o que fazer com crianças em casa depois que terminam as atividades regulares propostas pelos professores. Ontem divulgamos que vários alunos que não fazem USINA estavam entrando no blog da USINA e participando dos projetos. Pois convidamos a todos, com idade até 12 anos, para fazê-lo independentemente de estarem matriculados. O acesso é feito pelo site do Colégio, na seção Blogs/ Lampejos da USINA. Terão a mesma assistência que os alunos já implicados no trabalho do Semi Integral.
Agora um chamamento: profissionais da escuta, terapeutas, psicanalistas, psiquiatras que fazem parte da Comunidade CSD poderiam reunir grupos de conversa para ajudar a elaboração coletiva das tantas questões emergentes nesse momento tão excepcional. Pensamos em propor grupos de até 15 pessoas que podem se reunir virtualmente e falar, falar, falar para poder processar e também desarmar sua própria escuta. Percebemos que há muitas pessoas que não estão tendo lugar para colocar tantas emoções represadas e isso as coloca em tensão contida ou direcionada aos parceiros, algumas vezes. Nesse momento, tudo o que precisamos é poder ser ouvidos, nos ouvir e poder trocar ansiedades. Vez ou outra, encontrar saídas. Mas a questão principal não é pragmática, mas de manutenção de nossa saúde física e mental para que sobrevivamos não apenas à ameaça do vírus, mas também aos efeitos que sua presença ameaçadora nos produz. O e-mail da direção (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) pode ser utilizado para receber a sinalização daqueles que se disponham a esse importante trabalho. Dali, partimos para convites para formação de grupos.
Isso é o que temos por ora. Evidencia nossa preocupação com a gestão das subjetividades que estão ao nosso redor. Não nos restringimos aos alunos, mas preocupa-nos o entorno imediato. E a cooperação se faz presente nas práticas, não apenas no discurso.
Mais um boa noite para todos, desejando que amanhã tenhamos um dia melhor do que o de hoje. Sempre.
Silvio Barini Pinto