- 13/03 – orientação de suspensão de aulas presenciais feita oficialmente
- 14/03 – comunicado do CSD às famílias
- 16/03 – ainda com alunos (poucos) os professores começam a lançar mão de estratégias para não perder o contato com os alunos já distantes - comunicação da direção com familiares
- 17/03 – inciativas de envio de atividades e interação já são realidade em alguns segmentos
– comunicação da direção com familiares - 20/03 – todos os segmentos têm plataformas com possibilidades educativas a distância
– comunicação da direção com familiares - 23/03 – praticamente todos os alunos conectados de alguma maneira ao trabalho pedagógico
– comunicação da direção com familiares - 24/03 – melhorias no uso de plataformas e nas estratégias de comunicação adotadas
– comunicação da direção com familiares - 25/03 – além de notícias de que a maioria dos alunos de todos os segmentos estão implicados com o trabalho excepcional que está em curso, grupo de estudos filosóficos (atividade extracurricular) reúne 20 alunos em aula reflexões feitas por chat – note-se: dentre os 20 estudantes, vários são ex-alunos.
– comunicação da direção com familiares - 26/03 – praticamente todos os alunos conectados de alguma maneira ao trabalho pedagógico
– melhorias no uso de plataformas e nas estratégias de comunicação adotadas
– interação da coordenação com familiares por email, telefone e outros meios para criar dinâmica de trocas, esclarecimentos, orientação e acolhimento.
– comunicação da direção com familiares
Esse é o calendário que faz a retrospectiva de nossas principais ações até o momento. Diante da situação inédita historicamente, ele traduz um tanto de nossos esforços e atenção para com os alunos e familiares do CSD. Há uma dimensão oculta disso tudo que são os educadores em preparação, análise, testagem, e colocando-se no ar.
Diante da contingência, nos contorcemos – não apenas nos modos, mas sobretudo na adaptação de nosso projeto pedagógico, que para ser integralmente bem-sucedido, como é, depende do encontro presencial de educadores e alunos com todas suas subjetividades. Só para não esquecer, em nossa escola, os funcionários também são educadores. É nesse ambiente coletivo que fazemos o melhor. Não será em ambientes virtuais. Portanto, nos contorcemos, nos adaptamos relativamente, mas não concedemos nos princípios.
Ordinariamente, usamos a tecnologia em alguns momentos que ela verdadeiramente favorece nosso trabalho. Nunca, entretanto, admitimos ceder às lógicas programadas prêt a porter dos muitos dispositivos do mercado. Não será agora que o faremos. Portanto, nosso melhor não está exposto, apesar de o perseguirmos. Hoje expomos tão somente o que é possível fazer em regime de total exceção, contrariamente à nossa vontade e a de todo mundo.
Essa compreensão precisa estar presente para todos: alunos, familiares, educadores. Perseguiremos as muitas possibilidades, mas não desejamos nos tornar especialistas em EaD ou cursos online.
Além de tudo isso, hoje cumprimos um papel social que é muito mais extenso do que se propõe qualquer projeto educativo público ou privado. Somos, o CSD e algumas outras poucas escolas, basicamente as únicas instituições que se dirigem à comunidade de maneira dialógica, propositiva, produtiva. Talvez os religiosos tenham alternativas. O Estado (com projeto de ser mínimo) descompromissou-se com a sociedade e isso ganhou explicitude inequívoca com a crise que se nos abateu atualmente. Mas nós mesmos só o fazemos dentro de limites.
Há que se tomar muito cuidado com isso em vários aspectos. Um: não podemos achar que nosso papel é assistencial em substituição àquilo que deveria haver garantido e falta socialmente. Dois: devemos nos preparar para receber as projeções mais variadas. Somos nós a referência de necessidade de produção, de prazos, de promoção de relações que misturam papeis e desejos entre adultos e suas crianças. Mas somos nós também que ainda representamos a possibilidade de escuta para as questões mais pertinentes e para outras banhadas puramente na angústia vivida inevitavelmente em tempos de regime de exceção, de confinamento, de insegurança absurda.
Ser instituição nesse momento é pesado. Mas somos nós, os humanos de carne e osso que fazemos essa instituição. Somos as pessoas que suas crianças conhecem muito bem e valorizam. Por isso, pela nossa falibilidade humana, pela nossa disposição de ajudar, pela determinação de manter nossas crianças, seus filhos e nossos alunos queridos, com atenção naquilo que é construtivo e pode ajudá-los a passar por este momento é que não nos cansaremos de sugerir calma, compreensão e reconhecimento. E, se possível, delicadeza no trato conosco, o que por vezes não se verifica – minoritariamente, é verdade.
Por favor, cuidem para não nos dirigir os fantasmas que proliferam em horas como essa. Não os desejamos e nem merecemos. Pedimos que processem, cada um com seus recursos, seus assombros. Nós também, individualmente, temos os nossos. E os guardamos no armário, os transformamos em arte, os expulsamos da mente, mas principalmente os sublimamos para trabalhar e fazer chegar material que mantenha suas crianças conectadas com o que há de positivo em nosso alcance: o conhecimento.
Precisamos cuidar muito para não desanimar. Entristecidos não faremos bem nosso trabalho.
Roubo aqui a resposta da coordenação de um dos segmentos a e-mail muito carinhoso recebido de uma família dentre as tantas que nos enviam agradecimentos, reconhecendo o trabalho insano para fazer o que acima descrevi:
“Que maravilha receber esse e-mail! Não sabe como me deixa feliz! Obrigada! Vou transmitir sua mensagem aos professores.
Estamos nos esforçando ao máximo para manter os princípios de nossa proposta pedagógica sem pasteurizar a experiência das crianças com as fórmulas e soluções já prontas da EaD. Queremos manter a pessoalidade, a proximidade com as crianças, a linguagem e, sobretudo, o tempo. Os vídeos não são editados e super produzidos porque queremos causar nas crianças o estranhamento da linguagem. Elas não encontram nas telas todos os efeitos especiais, mas reconhecem a verdade de seus professores, o olhar humano, acolhedor, preocupado e interessado de todos os dias. Eles não encontram entretenimento para lhes roubar o tempo, mas desafios para ocupar bem o tempo. Para nós, esses aspectos constituem o ambiente fundamental para as aprendizagens. Fico muito contente que nossos esforços tenham encontrado ressonâncias na sua família. Muito obrigada, mais uma vez.
Um forte abraço para todos aí na sua casa.”
Pois bem, esse é o tom que desejamos cultivar para manter a coragem e continuar a empreender o diálogo com a nossa Comunidade CSD, do qual saímos sempre enriquecidos. Ainda que a distância, estamos abertos para vocês. Para o acolhimento recíproco, claro.
Silvio Barini Pinto